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Editorial
Apresentamos mais uma edição da Revista e-metropolis ao público, reafirmando a nossa preocupação em englobar diferentes aspectos da vida urbana. Nessa edição, fazemos um passeio por temas diversos que vão da apropriação do espaço público por skatistas à relação entre industrialização e urbanização, enfatizando mais uma vez o caráter abrangente da nossa publicação.
Começamos pelo artigo de capa, no qual, partindo de uma exposição realizada no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) entre o final de 2014 e meados de 2015, Neil Brenner propõe um exame crítico do discurso em torno da noção de “urbanismo tático” como alternativa aos paradigmas modernista-estatista e neoliberal de intervenção urbana. Com este artigo esperamos contribuir com o debate também no Brasil.
Continuamos pelos artigos, iniciando com o artigo escrito por Nelson Diniz e Luciano Hermes da Silva, “Contra-uso skatista de espaços públicos no Rio de Janeiro”, no qual os autores fazem uma análise comparativa de casos particulares de apropriação de espaços públicos por skatistas na cidade do Rio de Janeiro. A reflexão sobre o tema possibilita compreender aspectos mais gerais dos conflitos relativos à apropriação e à produção social do espaço e que, dependendo dos contextos e interesses envolvidos, o skate pode ser visto desde prática reprimida e intolerada a uma prática absolutamente aceita nos movimentos mais amplos de promoção da cidade.
No segundo artigo desta edição, “A cidade como problema sociológico: uma análise do pensamento de Georg Simmel e Louis Wirth”, Gabriel Tardelli busca tecer relações entre esses pensadores a partir dos textos seminais A metrópole e a vida mental (1902) e de O urbanismo como modo de vida (1938). Tendo as relações sociais na cidade como objeto, Simmel e Wirth, com suas abordagens específicas, ainda contribuem para ativar a potência do pensamento crítico sobre a cidade e o sujeito urbano.
Em nosso terceiro artigo, “Sobre a relação indústria e urbanização”, Ricardo A. Paiva analisa a relação entre urbanização e industrialização fordista e flexível no contexto da produção e consumo do espaço. Para isso, o autor discute algumas teorias acerca do vínculo entre o processo de urbanização e a lógica da produção industrial desde seu surgimento até chegar a chamada “produção flexível”, destacando o impacto da urbanização desigual nos países periféricos.
Prosseguindo, no ensaio fotográfico, Elena Lucía Rivero nos apresenta “Monumentos abertos à dinâmica urbana”, que busca apreender os múltiplos significados e usos possíveis de um importante monumento da cidade de Belo Horizonte. Inaugurado em 1930, o Monumento à Terra Mineira, em toda sua natureza materialmente rígida, se mostra envolto, apropriado e reapropriado em função das dinâmicas sociais.
Na seção especial, a socióloga Ana Luisa Queiros oferece um relato do processo de produção do curta documentário “Garimpando Memórias: olhares femininos sobre o Morro D’Água Quente”. Esse encontro entre antropologia e cinema – como a autora o define – trata-se de um projeto audiovisual que procura reconstruir, a partir da perspectiva feminina, as narrativas do cotidiano do garimpo na década de 80, no distrito do Morro D’Água Quente, localizado na cidade de Catas Altas em Minas Gerais.
Nesta edição, contamos com a entrevista “Gentrificação na França. Considerações sobre a gênese e história do conceito na sociologia urbana francesa”, realizada com a socióloga Catherine Bidou Zachariasen, uma das primeiras pesquisadoras a analisar os processos de gentrificação nos grandes centros urbanos na França. Durante a entrevista, realizada pelos pesquisadores e editores da Revista e-metropolis, Patricia Novaes e Samuel Jaenisch, a pesquisadora relata sua trajetória acadêmica na sociologia urbana e como o conceito da gentrificação foi incorporado nas análises sobre as estratégias residências das novas classes médias.
Com mais esse número somado ao conjunto de edições da e-metropolis nos despedimos de nosso leitor, sempre convidando-o a aproveitar os diversos aspectos da vida urbana que colocamos em nossas páginas para refletir sobre esse que é um dos temas atuais mais fascinantes: as cidades e suas dinâmicas. Até a próxima edição!