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Smart City na disputa pela hegemonia digital
Por Teresa Cristina M. Mendes
O conceito de Smart City, ao propor a abordagem dos diversos aspectos de gestão do espaço urbano (econômicos, sociais, culturais e ambientais) através do uso de Tecnologias de Informação e Comunicação, tem-se disseminado em função do rápido processo de urbanização enfrentado por todos os países. Os benefícios do uso dos recursos tecnológicos como solução para os crescentes problemas na administração das cidades, anunciados por governos e big techs, têm sido um chamariz irresistível para os gestores públicos, que enfrentam restrições orçamentárias para lidar com estes problemas. Entretanto, para além da gestão urbana propriamente, o tema vem se direcionando fortemente para algo bem mais significativo e com profundas implicações, naquilo que pode ser denominado como busca pela supremacia tecnológica. A atual disputa entre EUA e China é seu maior exemplo, extrapolando meras questões comerciais e tecnológicas, em direção a questões de domínio geoeconômico e geopolítico. O presente artigo, portanto, tem por objetivo explorar essa dimensão da Smart City, tendo como pano de fundo políticas de Estado que visam orientar o desenvolvimento tecnológico não apenas para a digitalização em si, mas abarcando a própria disputa pelo capital, pelas tecnologias e pelos recursos naturais, num processo de reconfiguração do domínio sobre os países, em que a tecnologia tem papel central e em que a informação é chave (core) na definição de poder.
Palavras-chave: Smart City; TICs; Gestão urbana; Hegemonia digital; Supremacia tecnológica; Domínio geoeconômico e geopolítico; EUA; China.