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Forjando os anéis: A paisagem imobiliária pré-Olímpica no Rio de Janeiro
Por Christopher Gaffney
A literatura sobre gentrificação tradicionalmente esteve focada em regiões centrais localizadas em grandes cidades da América do Norte e Europa com alguns estudos enfocando o hemisfério sul. Estes últimos concentrados nas regiões do Sul e Leste da Ásia (Shin, 2012) e, alguns estudos na língua inglesa, conduzidos na América Latina (López-Morales, 2010). Os estudos em inglês sobre dinâmicas de gentrificação no Brasil têm focado em São Paulo (Mendes, 2011), Salvador (Sampaio, 2007) e Rio de Janeiro (Mosciaro, 2010). A ausência de estudos sobre o mercado imobiliário e dinâmicas de gentrificação em cidades brasileiras impressiona, especialmente levando em consideração o aumento nos valores de venda e aluguéis nas primeiras décadas do século XX em todo o País (Observatório das Metrópoles, 2012).
Existe uma dificuldade em traduzir a palavra gentrification para além do idioma no qual o termo foi criado. (Lees, 2012). A palavra em português, gentrificação, é geralmente entendida como o processo de mudança no estoque imobiliário, nos perfis residenciais e padrões culturais, de maneiras semelhantes aquelas bem documentadas nas cidades da América do Norte, Europa e América Latina (Mendes, 2011) (Caldeira, 2000). Como nas cidades da América do Norte e do Leste Europeu, processos de gentrificação estão inegavelmente presentes na cidade do Rio de Janeiro. O presente artigo investiga a possibilidade de que estejam ocorrendo múltiplas formas de gentrificação em diferentes níveis, em diferentes regiões da Cidade, envolvendo diferentes atores e com diferentes resultados. Tais dinâmicas imobiliárias, distintas porém relacionadas, apontam para a inadequação de uma gentrificação singular. Assim, proponho aqui um uso do termo no plural: gentrificações. Essa abordagem permite análises mais complexas e sólidas dos processos observados em uma literatura extensa sobre gentrificação.