Editorial

nº 41 ano 11 | Junho 2020

Caros leitores, com enorme prazer a equipe de editores anuncia o lançamento do 41º número da Revista Eletrônica de Estudos Urbanos e Regionais e-metropolis. Abrimos esta edição comemorativa de nossos 10 anos com uma mensagem especial de Carolina Zuccarelli, professora da Universidade Federal Fluminense e uma das fundadoras da revista. Nessa mensagem, resgatando um pouco da história da e-metropolis, Zucca reforça, no atual momento histórico, a importância de iniciativas como a revista para a difusão e a democratização do conhecimento científico.

Abrindo a seção de artigos, este número traz como destaque O imaginário do esverdeamento urbano: a natureza urbanizada na região alemã do Vale do Ruhr, contribuição de Hillary Angelo, professora de sociologia da Universidade da Califórnia. No trabalho traduzido por Pedro Bastos, a autora explora o ideário do “esverdeamento” urbano, conceito adotado para explicar a normatização de práticas de urbanismo em que são usados elementos significantes e cotidianos da natureza como forma de se combater os problemas urbanos locais, partindo de um estudo que analisou a reprodução de práticas de urbanismo como esta realizada no Vale do Ruhr, região urbana policêntrica na Alemanha. 

Seguimos com o artigo Aeroporto de Guarulhos, (mais) um aglomerado supermoderno em São Paulo, no qual Rafael Kalinoski discute o impacto de grandes projetos de infraestrutura de transporte sobre os aglomerados metropolitanos, tomando o caso do principal aeroporto do país como referência. O autor parte de conceitos como “gradiente de especialização” e “supermodernidade” para discutir a complexidade urbana e morfológica presente na metrópole paulista, com suas conexões com o capital financeiro internacional e o capitalismo globalizado. Em seguida, Mariana Fernandes Mendes apresenta, em seu artigo A construção da mobilidade excludente no Brasil e os impactos da crise da mobilidade urbana em Fortaleza, uma reflexão sobre a crise da mobilidade urbana na cidade de Fortaleza, problematizando a centralidade dada ao “modelo rodoviarista” e ao transporte individual. 

No quarto artigo, Vulnerabilidade socioeconômica à crise COVID-19: o turismo como fator de alto risco, Erick Omena constrói um indicador de vulnerabilidade, a partir de dados macroeconômicos, para avaliar o impacto da pandemia de COVID-19 sobre os territórios ligados à indústria do turismo. Ao final, são apresentados alguns fundamentos para balizar ações do poder público que visem mitigar os efeitos econômicos e sociais dessa crise sanitária. Por fim, o artigo Operações Urbanas Consorciadas em Betim/MG: a tradução de um novo modelo de governança urbana na capital da indústria automotiva mineira, de Lessandro Lessa Rodrigues e Jupira Gomes de Mendonça, reforça a importância de discutir a relação entre o poder público e o setor privado na produção do espaço urbano e metropolitano.

A revista conta também com a seção especial Experimentando a cidade através do teatro: a técnica de Augusto Boal aplicada entre mulheres venezuelanas refugiadas em João Pessoa/PB, um registro feito por Amanda Costa da Silva Sousa e Marcela Dimenstein, da Oficina de Teatro com Mulheres Venezuelanas, realizada em 2019, com o apoio da Casa das Artes de João Pessoa e da Aldeia Infantil SOS Mangabeira. Registro que faz possível experimentar o trabalho de vivência e de troca de experiências desenvolvido junto às mulheres venezuelanas migrantes. O trabalho possibilitou a reflexão sobre o uso do espaço urbano e a criação de uma rede de contatos, resultados significativos no contexto de vulnerabilidade no qual muitas dessas mulheres se encontram.

Como ensaio fotográfico, em Mar [autoconstruído] e montanha: um olhar sobre as comunas populares de Medellín, trazemos a contribuição de Ana Cristina Morais, que se passa na paisagem montanhosa de Medellín (Colômbia), preenchida pelas comunas populares, em um cenário que, ao unir meio ambiente e moradia popular, expõe as similaridades das paisagens latino-americanas, paisagens compostas por suas casas autoconstruídas, os tijolos baianos ou ladrillos huecos, suas lajes e suas cores.

Por fim, encerramos essa edição comemorativa convidando professores, pesquisadores e estudantes a conhecer nossas edições anteriores (http:// emetropolis.net/edições) e a submeter seus trabalhos através de nossa plataforma (https://revistas.ufrj.br/index.php/emetropolis/login). Assim, nesse momento, reflexões e resultados de pesquisa, mesmo que parciais, sobre a relação entre a pandemia da COVID-19 e o território são muito bem-vindas. Aproveitamos para relembrar que é missão primordial da e-metropolis defender o papel da ciência e da difusão do conhecimento no enfrentamento dos problemas da sociedade!

Boa leitura!