Editorial

nº 38 ano 10 | Setembro 2019

Car@s leitor@s, a edição 38 da revista e-metropolis conta com seis artigos, uma resenha, uma seção especial e um ensaio fotográfico, com temas diversos que compõem um interessante conjunto de nuances sobre as cidades brasileiras e suas dinâmicas.

O artigo de capa “Economia popular e solidária no Brasil urbano: as políticas e suas pesquisas”, da professora Luciana Corrêa do Lago, busca examinar duas pesquisas quantitativas promovidas nos anos 2000 pela Secretaria Nacional de Economia Solidária do Governo Federal e pelo Núcleo de Solidariedade Técnica (SOLTEC) da UFRJ, que mapearam e qualificaram práticas de economia popular no Brasil. Partindo da unidade doméstica como unidade básica da investigação, o texto nos fornece subsídios para desvendar a complexidade da economia popular e, assim, aclarar a imbricação entre os empreendimentos populares - solidários ou individuais - e as práticas cotidianas de reprodução das famílias dos trabalhadores. A importância do texto está no fato de que são nas contradições das práticas econômicas cotidianas que podemos encontrar brechas para a construção de uma sociedade solidária e radicalmente democrática.

O texto “Disputa pelo espaço público em Belo Horizonte: a Praça e a Praia da Estação” se utiliza dos processos ocorridos em Belo Horizonte (MG) que culminaram nas manifestações da “Praia da Estação”, realizadas a partir de 2010, para discutir os usos e apropriações dos espaços públicos e a participação social na produção do espaço urbano. A análise acaba por demonstrar o dissenso existente entre Estado e população em um contexto de produção urbana neoliberal e evidentes desigualdades socioespaciais.

Por sua vez, o artigo “A configuração socioespacial do litoral norte do estado do rio grande do sul: fluxos migratórios e urbanização difusa” realiza uma análise da configuração socioespacial de municípios do litoral norte do Rio Grande do Sul, a partir de uma articulação entre dinâmica demográfica, em especial os fluxos migratórios, e produção imobiliária.

Sob o título “Evolução da estrutura sócio-ocupacional de metrópoles latino-americanas: São Paulo e Cidade do México (2005-2015)”, Diogo David de Matos elege a variável ocupação como unidade de análise do estudo comparado desenvolvido no âmbito latino-americano.

Em coautoria, Vivian Aparecida Blaso Souza Soares e José Mauricio Conrado Moreira da Silva discutem no artigo “Transformações na Comunicação no espaço urbano na Cidade de São Paulo: análises da lei cidade limpa”, as relações entre o espaço urbano e as novas linguagens advindas do universo publicitário após a Lei da Cidade Limpa (2006), que alterou a regulação da publicidade urbana na cidade de São Paulo.

O artigo “Análise do tempo de viagem de casa ao local de trabalho dos brasileiros considerando as cinco regiões do país”, dos professores da Universidade Federal do Pará (UFPA) Claudio José Cavalcante Blanco e Patrícia Bittencourt Tavares das Neves e do professor do Centro Universitário do Pará (CESUPA), Cláudio Luciano da Rocha Conde, faz uma análise do tempo gasto no deslocamento casa-trabalho em todos os 5.565 municípios do país, utilizando-se de dados do IBGE e de medidas de localização, especialização e concentração para identificação e avaliação de fenômenos sociais. A pesquisa em comento é fundamental não apenas para o processo de planejamento dos transportes, mas, principalmente, para a elaboração de políticas públicas de mobilidade urbana.

Na resenha intitulada “A beleza ordinária da vida”, Ana Paula Alves Ribeiro reflete sobre Temporada, filme de André Novais Oliveira, cineasta que, na visão da autora, tem seu trabalho reconhecido por recusar as representações violentas e subalternas da população negra no cinema brasileiro. A partir da história de Juliana, o filme, além de abordar a questões de raça e representação do negro, segundo Ribeiro serve como ponto de partida também para uma reflexão sobre a dinâmica das políticas urbanas e sanitárias nas cidades, principalmente em suas periferias metropolitanas.

Já a seção especial desta edição é ocupada pelo texto “Processos urbanos emergentes: colagens e justaposições entre arquitetura e paisagem”, de Lívia Paula Zanelli de Morais. No texto, a autora mobiliza registros fotográficos produzidos nos arredores da fazenda Olhos d’Água, em Ribeirão Preto (SP), para refletir sobre a necessidade de formulação de novas terminologias para pensar paisagens urbanas que se estendem para além das cidades.

Por fim, o ensaio fotográfico “Cidades (in)visíveis” busca representar aspectos de uma espécie de “estética da fragmentação urbana”, fragmentação essa advinda das consequências da globalização do capitalismo e de seus efeitos socioespaciais. Para isso, os autores registraram detalhes e contrastes do cenário urbano, iluminando um certo caráter poético desse processo em São João Del-Rei (MG).

Boa leitura a tod@s!