Editorial

nº 37 ano 10 | Junho 2019

Achou que não ia ter edição da nossa querida e-metropolis antes de julho? Pensou errado! Temos a satisfação de anunciar a publicação da 37ª edição, celebrando mais uma vez a importância da difusão e da divulgação científica do campo dos estudos urbanos e regionais.

Abrimos a edição com o artigo de Denise Morado, apresentado na mesa redonda “Acesso à Moradia e Direito à Cidade: pensando alternativas”, no XVIII Enanpur, que ocorreu em Natal. Com o título “Moradia: é possível pensar em alternativas?”, o texto trata de alternativas possíveis para as políticas habitacionais, em especial no que diz respeito ao modelo de propriedade privada vigente em praticamente todos os programas habitacionais públicos e às possibilidades de mudança, a partir da atuação dos movimentos de luta por moradia.

No artigo “A geração de cidades nas Alagoas: da complexidade genética às emancipações políticas”, Paulo Rogério de Freitas lança olhar sobre a evolução urbana do estado de Alagoas, resgatando a gênese e a dinâmica de seus núcleos urbanos e destacando que essa evolução independe conceitualmente da ideia de emancipação política, que invariavelmente causa confusões de ordem teórico-metodológica.

“O migrante na cidade do Rio de Janeiro: uma discussão necessária”, artigo de Isis do Mar Marques Martins, traz elementos espaciais e temporais para analisar as estratégias de mobilidade e permanência de grupos migrantes, via processo contraditório de urbanização da cidade do Rio de Janeiro.

Em coautoria, Lucas Barata Wingler e Eneida Maria Souza Mendonça discutem no artigo “Grande Vitória e a gestão metropolitana: percepções críticas e desafios à luz do Estatuto das Metrópoles”, a constituição da Região Metropolitana da Grande Vitória, analisando os mecanismos de gestão metropolitana existentes, discutindo sua consonância com as determinações colocadas pelo Estatuto das Metrópoles.

Fechando nossa seção de artigos, Luciana Alencar Ximenes, em “Os vazios das grandes estruturas: um olhar sobre o Parque Madureira”, faz uma reflexão teórica sobre as transformações do espaço urbano a partir da desvalorização de grandes estruturas produtivas e a transformação de seus usos. A autora parte do caso do Parque Madureira, grande equipamento público construído na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, destacando os conflitos e as contradições que marcaram sua construção.

Na entrevista desta edição, sob o título “A política habitacional e a agenda urbana no Brasil: caminhos para reflexão”, João Sette Whitaker relata sua visão sobre o trabalho como secretário de Habitação de São Paulo, relacionando as críticas construídas dentro da academia – de sua atividade como professor na USP – e as pressões referentes às dimensões da gestão e governança urbana. Faz uma análise sobre as regulações urbanas, sobre as fragilidades das capacidades e implementações de políticas na esfera municipal e, principalmente, um balanço crítico sobre o programa “Minha Casa Minha Vida”, juntamente com o funcionamento do Ministério das Cidades e a aplicabilidade do Estatuto da Cidade.

A resenha desta edição trata de protagonistas que vivem a poucos passos da desorientação psíquica por conta da reclusão do sistema carcerário. Em “O som do silêncio em cárceres dos regimes totalitários: o caso uruguaio”, Vivian Pizzinga e Andréa Rodrigues escrevem sobre o filme Uma noite de doze anos, a partir do qual as autoras refletem sobre os anos de horror da ditadura no Uruguai, buscando uma relação com o contexto brasileiro.

Completam nossa 37ª edição, a seção especial escrita por Rachel Tegon de Pinho e o ensaio fotográfico de Gabriela Viana, Thais de Almeida e Thiago Morandi. Na seção, cujo título é “A cidade onde envelheço”, a autora descreve os encontros e desencontros que acontecem nas cidades, suas memórias afetivas e conflitos. Com isso, propõe a construção da imagem da urbe a partir das vivências e suas particularidades, sentidas por cada indivíduo, capaz de remontar as interfaces possíveis no contexto urbano. No ensaio, intitulado “Cidade (In)sustentável”, o grupo de pesquisadores lança o olhar sobre a cidade de São João del-Rei, mostrando as dimensões da sustentabilidade vinculada a uma leitura do espaço urbano, condicionada ao crescimento do tecido da cidade e suas vulnerabilidades, decorrentes dos processos de expansão do município.

Despedimo-nos reafirmando nosso compromisso com a defesa da Universidade pública, gratuita e plural. Lembrando sempre que: Educação não é gasto, é investimento! Desfrutem!