Editorial

nº 34 ano 9 | Setembro 2018

A edição nº34 da e-metropolis coloca em foco o tema metropolitano através do debate das desigualdades urbanas no Brasil e na América Latina. Os artigos, ensaios e entrevista desta edição abordam questões como os problemas da função social da propriedade de terras, as adversidades da mobilidade nas cidades e as transformações no território urbano.

Essa edição traz no artigo de capa, com o título “Curitiba/Brasil e Tucumán/Argentina: dinâmicas metropolitanas comparadas”, uma análise sobre duas cidades da América Latina, onde as pesquisadoras do Observatório das Metrópoles, Olga Firkowski e Madianita Silva, apresentam uma comparação entre elas, buscando traçar um paralelo entre suas dinâmicas metropolitanas a partir de duas dimensões: a produção de espaços de moradia e as estratégias de implantação de centros comercias.

No artigo “Regularização fundiária de interesse social como instrumento de inclusão urbana e de reconhecimento da função social da propriedade. Influência da cartografia na Comunidade de Roda de Fogo”, Sande Nascimento Arruda discute as políticas de regularização fundiária em Pernambuco, tendo como base a atuação do Programa Meu Imóvel Legal. São abordados temas como a participação popular nos processos decisórios e a o reconhecimento das áreas ocupadas como espaços legítimos de moradia.

No artigo “Em busca de um amanhã global: Propostas de museus na regeneração portuária do Rio de Janeiro?”, Renata Latuf de Oliveira Sanchez trabalha a partir da afirmação de que os museus têm sido constantemente utilizados como âncoras de grandes projetos urbanos e catalisadores de renovação urbana. Assim, analisa os planos para a recuperação da Praça Mauá e adjacências por meio de equipamentos culturais, desde a proposta do Museu Guggenheim até a implantação do Museu de Arte do Rio e do Museu do Amanhã.

Já em “Narrativas musicais na cidade”, Leonardo Tadeu dos Santos parte do álbum “Ainda há Tempo” – lançado pelo cantor Criolo em 2016 – para discutir como a música pode ser uma forma para ressignificar a cidade a partir de narrativas que busquem construir novos sentidos, abordando temas diversos ligados à desigualdade social, questão de gênero ou meio ambiente.

Com o título de “A velocidade das cidades lentas”, o artigo coloca em pauta a mobilidade urbana e as transformações que podem alterar os tempos e formas de percurso. É discutida a origem do termo slow cities e a tendência de desaceleração do ritmo de vivência urbana e de consumo, voltando a narrativa para o contexto português.

A edição apresenta também a resenha “Um refúgio para ocupar: notas sobre a ocupação do Hotel Cambridge”, de Suzana Silveira e Gabriel de Vuono, sobre o filme Era o Hotel Cambridge, que trata de uma ocupação em São Paulo, organizada pelo movimento de moradia.

A seção especial de autoria de Renata Piroli Mascarello e Angelo Antonio Duarte propõe um guia turístico, nomeado de (Anti) guia amoroso do Rio de Janeiro, revelando a rotina da capital fluminense sob o olhar dos autores, que se deslocaram pela cidade em busca de melhor qualidade de sobrevivência na cidade. O texto relata as dificuldades e realidades das pessoas ao disputarem o espaço urbano, relacionando o modo de vida ao seu custo, à suas possibilidades de transporte, às belezas e às desigualdades que se apresentam no cotidiano dos dois pesquisadores, incentivando o uso do espaço público.

No ensaio fotográfico “Lugares do ir”, de Pedro Thame Guimarães, foi abordada a questão dos deslocamentos na cidade e como o modo como transitarmos (a pé, carro, ônibus) podem influenciar nossa percepção sobre os lugares. O cenário escolhido foi a cidade de Cuiabá.

Ainda no âmbito das reflexões metropolitanas internacionais e dos questionamentos sobre os deslocamentos urbanos, a entrevista desta edição foi feita com Ricardo Gutierrez, diretor do Instituto Metropolitano de Planejamento (IMEPLAN) de Guadalajara, sobre o tema da mobilidade urbana e do transporte público.

Por fim, recentemente acompanhamos uma série de ataques à Universidade pública, catalisados a partir da tragédia do Museu Nacional e da onda privatizadora que ganhou força sob o discurso da ineficiência administrativa. A e-metropolis segue atenta ao cenário e convida todas e todos a participarem das mobilizações pela defesa da educação pública, gratuita e de qualidade.