Editorial

nº 26 ano 7 | Setembro 2016

Caros leitores e leitoras,

É com muita satisfação que apresentamos a 26ª edição da revista e-metropolis. O presente número inicia com o artigo Bahia urbana - a política de desenvolvimento urbano do estado da Bahia: planejamento e governança, escrito pelo professor e pesquisador Luiz Augusto Maia Costa e que aborda uma iniciativa pioneira na gestão democrática das cidades no contexto recente das políticas de planejamento urbano no Brasil. Após apresentar um panorama da questão urbana no Brasil pós-88, o autor discute as particularidades das políticas de desenvolvimento territorial postas em prática no estado da Bahia, destacando o aspecto inovador acerca da prioridade conferida à participação democrática no seu processo de concepção e implantação, baseado no controle social e na transversalidade.

Esse debate sobre as políticas de desenvolvimento territorial segue no artigo Rio Criativo: O projeto Porto Maravilha em questão, de Rui Sardinha Lopes e Natália Fragalle, focando a discussão nas consequencias negativas da transformação de uma área específica da cidade do Rio de Janeiro sobre população menos favorecida em termos socioeconomicos, a despeito do discurso criado sobre as supostas vantagens do planejamento estratégico enquanto oportunidade para dinamizar economias locais. O ponto de vista crítico dos autores defende que essa perspectiva não opera de forma a proporcionar uma melhoria na qualidade de vida dos habitantes da região e muito menos as possibilidades de gestão democrática do território.

No artigo seguinte – Governança Metropolitana: a permeabilidade dos arranjos institucionais de gestão metropolitana às organizações societárias: estudo de caso das RMs de Belo Horizonte, Campinas e Maringá, PR – a autora Lucia Nunes discute a permeabilidade dos arranjos institucionais da gestão metropolitana no Brasil às organizações societárias, tendo como referência as três regiões citadas. Ela busca demonstrar que os arranjos institucionais onde os representantes do Governo, empresários e a sociedade civil se reúnem espontaneamente para discutir os problemas das cidades são mais eficientes para desenvolvimento territorial.

Por fim temos o artigo Flexibilização da produção e recomposição da formação e do emprego, escrito pela socióloga Carolina Zuccarelli, que debate o impacto da reestruturação produtiva da recomposição da formação e do emprego e suas dinâmicas nas regiões metropolitanas do país. A autora demonstra que o número de diplomados com ensino médio e superior cresce em todas as ocupações, mas foi naquelas que formalmente requerem níveis de competência menores que aconteceu maior crescimento. Além disso, observa que as consequências da reestruturação produtiva não parecem divergir consideravelmente entre as regiões metropolitanas analisadas, embora alguns fenômenos possam ser agravados por condições e especificidades locais.

Contamos também na presente edição com o belíssimo ensaio fotográfico da artista-pesquisadora Mariana Corteze, que nos brinda com uma série fotográfica desenvolvida em Portugal entre os anos de 2012 e 2014. Série em que a autora procura retratar a ausência de experiência e o encapsulamento urbano, durante um período (em suas palavras) “de exílio, quando estava desalojada de mim mesma”.

Como a cidade é/foi significada em diversas materialidades discursivas?, essa pergunta orienta o relato apresentando em nossa seção especial intitulada Memória e mídia no discurso sobre a cidade: o Grupo Discurso & Cidade, texto sobre a experiência intelectual coletiva do grupo de pesquisa coordenado pela professora Lucia Ferreira do Programa de Pós-Graduação em Memória Social da UNIRIO. O grupo expõe sua proposta de investigação sobre a constituição da memória social segundo a perspectiva da linguagem.

E finalizamos a edição com a entrevista do renomado sociólogo argentino Ruben Katzman (ex-Diretor do Programa de Pesquisa sobre Integração, Pobreza e Exclusão Social da Universidade Católica do Uruguai) concedia ao professor Marcelo Ribeiro que atua como professor e pesquisador do Observatório das Metrópoles. Katzman fala de sua história e dos fatos políticos relacionados ao seu ofício de sociólogo. Decorrente das reflexões estimuladas durante a entrevista, o autor escreveu uma notal sobre um dos seus temas preferidos: a vulnerabilidade social. La noción de vulnerabilidade y sus ambiguedades encontra-se também publicada nesta edição.

Agradecemos aos que contribuíram com esta edição e desejamos uma boa leitura a todos e todas.