Editorial

nº 22 ano 6 | Setembro 2015

Autoritarismo, conflitos intergeracionais, experiência urbana, interseções entre raça e gênero, megarregião, migração, urbanização e zoneamento ambiental – esses são os temas em relevo da e-metropolis número 22. Convidamos a todas e a todos para mais um momento de reflexão sobre o urbano, o regional e a vida nas cidades.

Iniciamos a revista com o artigo de Sandra Lencioni, intitulado Urbanização difusa e a constituição de megarregiões. O caso de São Paulo-Rio de Janeiro, o qual, a partir do conceito de megarregião, examina a constituição da região urbana Rio de Janeiro-São Paulo, as mudanças na urbanização contemporânea e a metropolização do espaço como uma nova fase da urbanização. Em uma de suas conclusões, a autora indica que a economia petrolífera reforçará essa megarregião, constituindo-se como mais um elemento integrante do desenvolvimento geográfico desigual brasileiro.

Mais adiante, em ¿Autoritarismo en el espacio urbano? Disputas intergeneracionales en la Plaza San Juan, Ciudad de México, os pesquisadores mexicanos Christian Marinéz e León Contreras afirmam que, apesar dos avanços democráticos ocorridos nos últimos anos em seu país, uma forte herança autoritária se reproduz, entre outras coisas, na apropriação dos espaços públicos.

No artigo Migração para e da Região Metropolitana do Cariri nas últimas duas décadas, Wellington Justo explora o tema da migração nesta região nos períodos de 1995-2000 e 2005-2010, bem como analisa o fluxo da “migração de retorno” para o Nordeste, fluxo em destaque na atualidade. Ao analisar o perfil da população migrante, não migrante e migrante de retorno na última década, observa-se que a Região Metropolitana do Cariri passou a reter os habitantes mais qualificados e atrair de volta à sua terra natal aqueles que haviam deixado à região e que retornaram com maior qualificação.

Em seguida, a questão ambiental em sua relação com os instrumentos legais de gestão do território aparece no texto de Maria do Carmo Bezerra, A necessária articulação entre os instrumentos de gestão de APA urbanas e o plano diretor. Aqui encontramos uma análise comparativa dos conceitos de zoneamento de uso do solo e zoneamento ambiental de APAs urbanas, conforme descritos no Plano Diretor e nos Planos de Manejo, respectivamente.

Uma abordagem que considere as interseções entre raça, classe e gênero é o tema do artigo Mulheres negras, movimentos sociais e direito à cidade: uma perspectiva para as políticas públicas. Em seu texto, Jessica Raul traz uma importante reflexão sobre o lugar das famílias chefiadas por mulheres negras na cidade do Rio de Janeiro. Ao considerar as formas de apropriação do espaço urbano e das desvantagens desta apropriação para as camadas populares, a autora busca compreender o impacto da especulação imobiliária e do aumento do custo de vida na cidade para as mulheres negras pobres enquanto grupo social e historicamente vulnerável.

Luz y fuerza: um olhar sobre a capital portenha, o ensaio fotográfico de Isabel Paz aponta para as especificidades da cidade de Buenos Aires. Feito em 2012, com o interesse de ater-se a detalhes que enriqueceriam a visita à cidade, esse registro pode ser lido como pequenas pistas de uma experiência urbana possível.

Para finalizar esta edição, apresentamos a tradução de uma entrevista concedida pelo renomado teórico urbano Neil Brenner, professor da Harvard University, em que argumenta que a tão-falada ideia de que estamos vivendo na “Era Urbana”. Para Brenner é preciso dar maior complexidade à discussão deste tema, devendo o termo “urbanização” ser redefinido com o objetivo de abarcar, na sua concepção, o poder das cidades em influenciar regiões cada vez mais distantes das tradicionais áreas morfologicamente urbanas.

Boa leitura. Até a próxima edição!