Editorial

nº 21 ano 6 | Junho 2015

O inverno chegou e trouxe com ele a 21ª edição da Revista E-metropolis. O que os leitores têm em suas mãos – ou em suas telas – é resultado do esforço de editores, mas não só isso. Com a participação imprescindível dos autores e demais colaboradores, este número reúne contribuições sobre questões relevantes e atuais para a área do planejamento urbano e regional: a neoliberalização e seus reflexos territoriais, a relação entre meio ambiente e expansão imobiliária, conflito e identidade e os impactos de grandes projetos. Um bom inverno deve ser acompanhado de uma caneca de chá ou uma taça de vinho, e compondo com esse cenário, nosso número 21 também mostra-se bastante inspirador. Basta olhar nossa seção especial, o ensaio fotográfico e a resenha.

No artigo de capa, Marcos Barcellos de Souza apresenta os principais vetores de penetração e difusão do neoliberalismo no Brasil e discute seus efeitos sobre os projetos de reescalonamento do Estado. No texto, o autor procura destacar as complexas relações entre neoliberalização, descentralização, devolução, reescalonamento e financeirização, em uma abordagem sobre a neoliberalização que se assenta numa abordagem multiescalar e relacional.

Partindo da constatação de uma maior incidência da legislação ambiental sobre o território urbano, combinado com um quadro de expansão do capital imobiliário impulsionado por políticas habitacionais, Clarissa Freitas e Naggila Frota lançam seus olhares sobre o bairro da Maraponga em Fortaleza. Utilizando ferramentas de Geoprocessamento, as autoras investigam o avanço dos tecidos urbanos formais e informais sobre espaços inadequados do ponto de vista da estruturação de um sistema de espaços livres.

No artigo seguinte, Roney Gusmão do Carmo parte das narrativas dos moradores da cidade de Vitória da Conquista na Bahia para investigar as representações sobre o espaço urbano e relações sociais, decorrentes dos impactos do novo capitalismo transnacional e flexível que emergiu no início do século XXI.

Partindo da premissa de que políticas públicas e grandes projetos urbanos contemporâneos enquadram-se no modelo internacional de requalificação e reconstrução das cidades, resultante das transformações do capitalismo mundial, Elizabeth Borelli, apoiada nos conceitos de vulnerabilidade social e desigualdade ambiental, analisa o traçado do trecho Norte do Rodoanel, que abrange áreas da Serra da Cantareira, na região metropolitana de São Paulo.

Ao reunir imagens que exploram a visão do pedestre acerca do espaço urbano, o ensaio fotográfico produzido pelo Laboratório de Estudos sobre Cidades, Culturas Contemporâneas e Urbanidades da UFPB oferece uma instigante reflexão sobre a importância da experiência urbana e dos novos modos de apreensão da cidade contemporânea.

Na seção especial dessa edição apresentamos o resultado de um formato criativo e inovador de ensinar métodos e técnicas de pesquisa para elaboração de tese. O professor da disciplina, Robert Pechman, inspirado nos ensaios escritos por Ítalo Calvino para falar da arte de escrever, desafia seus alunos a usar a criatividade para pensar e elaborar de outra forma o trabalho de tese. Para isso, sugere o exercício de “escrever sobre a leveza da pedra e a dureza da pétala”.

Por fim, completamos essa edição com a resenha do livro “A bicicleta no Brasil 2015”. Resenhado por Juciano Martins Rodrigues, o livro, que reúne contribuições de diversas organizações de luta pela promoção da bicicleta como meio de transporte, sintetiza o resultado da políticacicloviária no país e traz informações e reflexões que refletem o estado do cicloativismo no Brasil.

Boa leitura a todos!