Editorial

nº 14 ano 4 | Setembro 2013

Estamos chegando ao final do quarto ano de vida da Revista e-metropolis com a nossa 14ª edição. Continuamos, como já reafirmamos algumas vezes, pretendendo ser um espaço para reunir contribuições sobre o fenômeno urbano, metropolitano e regional. Além dos artigos científicos, temos tentado manter espaços para reflexõesmais livres, muitas delas através de imagens, sendo que todas têm a capacidade de impulsionar nosso questionamento sobre a vida urbana e os aspectos múltiplos que se inserem nessa discussão, sejam eles físico-espaciais políticos ou sociais.

Iniciamos essa edição como o artigo de capa de Marcelo Gomes Ribeiro, “Bem-estar urbano das metrópoles brasileiras 25 anos depois de promulgação da constituição cidadã”. Nele, o autor recupera as questões que estavam em pauta durante o processo de elaboração da Constituição Federal de 1988, ressaltando que apesar de avanços em muitas áreas como saúde, educação e renda, as desigualdades urbanas permanecem uma questão a ser resolvida no país. O autor parte dos resultados do Índice de Bem Estar Urbano - indicador recentemente divulgado pelo Observatório das Metrópoles - para mostrar que ainda existem variações significativas nas condições de bem-estar no interior das metrópoles brasileiras além de diferenças regionais importantes entre as quinze principais aglomerações urbanas do Brasil.

Damos prosseguimento com a reflexão “Uma Proposta de Análise de Cenários Urbanos do Rio de Janeiro, a partir de perfis de consumo”, de Luiz Coelho, no qual o autor apresenta a teoria dos cenários urbanos como possibilidade de análise da correlação entre a distribuição geoespacial de padrões de consumo e os diversos perfis urbanos. Sua proposta é aplicar tal teoria para na análise dos Cenários Urbanos da cidade do Rio de janeiro.

Em “Um herói cordial: pensando a identidade nacional brasileira a partir de Raízes do Brasil e Macunaíma”, são discutidas - a partir da obra de Mário de Andrade e Sergio Buarque de Holanda - as questões e tensões que envolveram o processo de modernização do Brasil durante as primeiras décadas do século XX. Segundo a autora, ambos contribuíram para o debate a partir de suas proposições sobre a identidade e cultura nacional, que buscavam articular um projeto de modernidade de caráter urbano mas que não negasse as particularidades dos costumes e tradições reconhecidos enquanto genuinamente brasileiros.

No texto seguinte, Juciano Martins Rodrigues trata da questão da mobilidade urbana no Brasil, abordando especialmente as atuais condições de deslocamento no Brasil e na metrópole do Rio de Janeiro, onde já estão acontecendo importantes intervenções no contexto dos chamados megaeventos esportivos. O autor - com a ressalva de que se trata de processos em andamento - procura oferecer elementos para a elaboração de hipóteses sobre os impactos dos megaeventos sobre as cidades brasileiras, em especial aqueles relacionados à mobilidade urbana.

O entrevistado desta edição é Orlando Alves dos Santos Junior, professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pesquisador da rede Observatório das Metrópoles e coordenador da pesquisa “Metropolização e Megaeventos: impactos da Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016 sobre as metrópoles brasileiras”. São discutidos os impactos dos grandes eventos esportivas nas grandes cidades brasileiras, a gestão pública e as consequências dos novos modelos de governança que estão sendo implementados, além do papel dos movimentos sociais nestes processos e a importância de manter esferas de participação e debate público.

Continuamos apresentando a resenha de Breno Procópio, que nos traz uma análise de “Cidades rebeldes: passe livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil”. Trata-se do primeiro livro impresso inspirado nas manifestações que tomaram conta do Brasil desde junho de 2013. Diversos autores analisam as causas e consequências desse acontecimento marcante para a democracia brasileira. Como aponta Breno, escrito e editado no calor da hora, “Cidades rebeldes” é um livro intervenção, que traz perspectivas variadas sobre as manifestações, a questão urbana, a democracia, a mídia.

O povo nas ruas também é a motivação principal do texto de nossa sessão especial dessa 14ª edição. Nele, Arthur Bezerra discute o papel das novas tecnologias de informação neste contexto. De um lado, a grande mídia – que continua exercendo papel fundamental na formação da opinião pública – e, do outro os diversos coletivos midiativistas – que oferecem narrativas independentes do mutualismo que orienta a relação entre Estado e grupos empresariais de mídia. Na perspectiva do autor, em que pese o grande desequilíbrio existente, há esperanças a respeito de maiores perspectivas de equilíbrio entre a informação produzida pelas diferentes fontes em questão.

Antes de nossa despedida, queremos aproveitar o espaço para realizar duas justas tarefas. A primeira delas se refere a um agradecimento à Paula Gambim, que deixa o corpo editorial de e-metropolis. Sua presença foi marcante desde a primeira edição da revista, em maio de 2010, e queremos aqui registrar um “muito obrigado” e desejar-lhe sucesso na continuação de sua caminhada. A segunda e última tarefa, não menos gratificante, consiste em dar boas-vindas aos novos editores: Samuel Thomas Jaenisch, Patrícia Ramos Novaes e Ana Carolina Christovão

Desejamos a todos uma ótima leitura e esperamos encontrá-los, novamente, em nossa próxima edição!