Editorial

nº 9 ano 3 | Junho 2012

A metade do ano chega com mais uma edição da nossa revista. Neste número, damos continuidade a uma das características mais marcantes da e-metropolis e apresentamos um apanhado de temas e abordagens que procuram abranger várias das facetas do viver nas grandes cidades.

Esta nossa nona edição abre com um artigo de capa que nos lança uma provocadora questão já em seu título: “O Brasil: país de imigração?”. Em seu texto, a pesquisadora Neide Lopes Patarra examina as políticas imigratórias adotadas pelo Brasil correlacionando-as ao fato de que o país vem se tornando mais e mais atraente para imigrantes. Como dar conta das novas demandas e conflitos é a principal questão que se coloca em pauta.

No artigo “Uma proposta analítica sobre a expansão do Sistema Prisional no Brasil e seus rumos para o século XXI”, o geógrafo Marco Antônio Couto Marinho e o filósofo Robson Sávio Reis Souza se detém sobre a expansão do sistema carcerário do país, conduzindo uma reflexão a respeito do aprisionamento como uma metonímia do padrão de desigualdade social brasileiro.

Na sequência, no texto “Quem mora nas favelas?”, Silke Kapp e Margarete Maria de Araújo Silva desenvolvem uma reflexão a respeito das representações usualmente traçadas sobre as favelas, questionando a sua legitimidade e sugerindo outras possibilidades de estabelecer um retrato desta parcela crescente da população nas metrópoles.

Em “A mesma cidade, novos territórios”, é trazida à cena a reutilização dos antigos territórios ocupados por indústrias em duas cidades: Porto Alegre e Montevideo. Através das reapropriações propostas para as áreas de algumas grandes companhias, Ana Clara Fernandes analisa as reinserções no leque produtivo e urbano.

“Moradores de favelas e violência policial: uma análise sobre vítimas de agressão física policial nas principais metrópoles brasileiras”, o artigo seguinte, o pesquisador Andre Salata coloca novamente em pauta o tema da representação a respeito das favelas, desta vez sob a ótica que coloca a representação negativa das favelas como a responsável pelos abusos de autoridade policial frequentemente cometidos nestes bairros.

O entrevistado desta edição, Cláudio Beato, trata de seu novo livro, “Crime e cidades”, no qual estabelece a conexão entre crime e ambiente urbano. O sociólogo defende a hipótese de que a vida em um ambiente urbano gera bolsões de desvantagens, o que, somado à ausência de controle, pode acabar levando ao crime. O entrevistado também explica as pesquisas que vem desenvolvendo no Crisp, Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública, da Universidade Federal de Minas Gerais.

Na resenha, trazemos o livro da brasileira Lúcia Sá, “Life in Megalopolis: México City and São Paulo”, em uma análise do mestrando no Institut d’Études Politiques Science-Po, em Paris, Claudio Altenheim. A autora compara as cidades do México e de São Paulo no que tange à sua vida urbana e, sobretudo, às enormes desigualdades sociais que aproximam as duas cidades.

Esta edição traz, como tema de sua seção especial, o texto da pesquisadora Renata Brauner Ferreira, “ ‘Desculpe o incômodo, nós só queremos mudar o mundo’: a maior mobilização estudantil de toda a história do Quebec se transformou, nas últimas semanas, em uma grave crise social”. Em uma análise que mostra como o anúncio, por parte do governo, do aumento das anuidades escolares desencadeou uma enorme mobilização de estudantes universitários, a doutoranda nos mostra a gênese desta grande crise social canadense.

Finalmente, em nosso ensaio fotográfico, trazemos, através de Eduardo Amorim e Leonardo Cisneiros, o movimento #ocupeestelita, que, no dia 15 de abril deste ano, reuniu jornalistas, produtores culturais e membros das redes sociais na ocupação do Cais José Estelita, em Pernambuco.

Esperamos que esta nova edição da nossa revista venha, mais uma vez, contribuir para a continuidade e ampliação dos temas e estudos a respeito das metrópoles. Nos despedimos desejando a todos uma boa leitura!