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Editorial
Já passamos da metade do ano e com este segundo semestre chega mais uma edição da nossa revista! Neste número, abrimos com uma matéria que coloca em cena o recente esvaziamento político que atravessa as nossas cidades. No artigo ‘É luta a de classes, estúpido!’, o professor Frederico de Holanda analisa os discursos que - mascarados por trás de uma reivindicação por maior qualidade de vida no espaço urbano - são, na verdade, manifestações de conflitos entre classes sociais diversas. Partindo do diagnóstico a respeito da ocupação territorial em Brasília distribuída por faixas de renda, Holanda chega até a sua paisagem humana, mostrando a dificuldade cada vez maior, existente no espaço urbano contemporâneo, de promover o diálogo entre as alteridades.
No artigo seguinte, damos continuidade a um tema que vem mobilizando diversos debates nos últimos meses: os grandes eventos e suas conseqüências para as cidades que os abrigam. Em ‘Turismo cultural e grandes eventos: reflexões sobre o caso genovês’, Agostino Petrillo discute a busca por uma nova identidade turística realizada pela cidade italiana de Gênova associada à tendência contemporânea de agregar, a cada cidade, uma imagem cultural diferenciada, que a especifique e destaque no ‘mercado’ de turismo urbano. A busca por abrigar grandes eventos ocupa um local de destaque dentre estas estratégias, mobilizando a discussão levantada por Petrillo, que propõe a reformulação desta ‘espiral dos Grandes Eventos’, conforme ele nomeia, em outro padrão: eventos menores e de caráter diferenciado daqueles que têm sido concebidos até então.
No texto ‘Uma analise sociológica sobre sociabilidade, vizinhança e pertença em um bairro popular de João Pessoa-PB’, o professor Alexandre Paz Almeida debruça-se sobre Valentina de Figueiredo, um bairro da capital paraibana, para discutir a relação entre sociabilidade urbana e cotidiano, ressaltando as contradições e ambiguidades das relações e dos comportamentos sociais.
Em nosso próximo artigo, Irene Mello analisa uma experiência de autogestão coletiva de moradia que se destaca pela defesa da manutenção da propriedade pertencente ao grupo. A autora discute as dificuldades para a implantação deste processo pautado pela coletivização, buscando as suas origens em meio a questões burocráticas e culturais.
Na entrevista desta edição, José Reginaldo Gonçalves trata a respeito da patrimonialização urbana e seus desdobramentos pelas políticas adotadas na gestão das cidades, inclusive nos raciocínios condutores da implantação dos grandes eventos como instrumentos de atração de público e capital. O patrimônio seria, então, tratado como documento de identidade da nação, ajudando a construir uma idéia do que ela deverá ser no futuro e contribuindo à formação de uma consciência nacional.
O livro de Eduardo Marques, ‘Redes sociais, segregação e pobreza’ é o objeto da resenha de Fabio Costa Peixoto. No texto, o autor aponta a existência de mecanismos que interferem na formação diferenciada das redes e da sociabilidade dos indivíduos, bem como influenciam nas diversas formas de ação social e no acesso às oportunidades.
Na nossa seção especial, voltamos ao tema dos Grandes Eventos: mais especificamente, analisaremos os Jogos Olímpicos de Montreal sob a ótica de Pierre-Mathieu Le Bel, que assim o faz tentando antecipar um processo que será atravessado pelo Rio de Janeiro em 2016. O autor observa, passadas algumas décadas, toda a estrutura erguida para o acontecimento das Olimpíadas canadenses e constata que, embora o evento tenha sido pontual, ele acabou por se perpetuar na cidade, através das mudanças que gerou em seu espaço e no imaginário de seus habitantes a respeito do seu próprio ambiente urbano.
Fechando a nossa sexta edição, temos o ensaio fotográfico de Joana de Simoni e Karinna Paz, intitulado ‘Reciclando percepções: olhares sob o céu do Morro do Céu’. As autoras se detêm sobre a produção desenfreada de lixo das grandes cidades, tirando daí o material imagético de seu ensaio.
Pautando-se mais uma vez pela pluralidade dos tópicos abordados, sem, contudo, deixar de manter um olhar atento para os assuntos que mais interpelam as sociedades contemporâneas, a e-metropolis prossegue, com esta sua sexta edição, no caminho de buscar abrir um espaço de manifestação para os mais diversos temas que digam respeito às nossas cidades. Esperamos que a leitura da revista seja uma experiência prazerosa a todos que dela compartilharem. Até o próximo número!