Editorial

nº 3 ano 1 | Dezembro 2010

Chegamos ao segundo número da Revista e-metropolis! Este número já conta com artigos e resenhas enviados pelos colaboradores e selecionados pelo nosso conselho editorial, especialmente para a sua composição, configurando-se como um passo a mais na consolidação da revista dentro do panorama das publicações acadêmicas no Brasil.

É caminhando nessa direção, e com o objetivo de discutir temas relevantes da atualidade para as metrópoles que a e-metropolis apresenta, a partir desta edição, a seção “mega eventos”. A idéia é ter sempre um artigo, entrevista ou resenha, que aborde o impacto dos grandes eventos na organização das cidades e na condição urbana de seus habitantes. A seção tem início nesta edição com o professor português João Seixas, que comenta os resultados da recente enquete veiculada pelo Observatório das Metrópoles a respeito dos mega-eventos nas cidades contemporâneas. Segundo Seixas, “os mega-eventos trazem mega-questões” que concernem à qualificação das cidades e da condição urbana de seus cidadãos.

Na seqüência, o artigo da pesquisadora Rosa Moura, doutora em geografia, que aborda o que ela apresenta como ‘cidades adjetivadas’, ou seja, espaços urbanos que passaram a se configurar a partir de um conjunto específico de características que definem suas qualidades e especificidades, atribuindo-lhes um perfil. O interesse da pesquisadora é investigar até que ponto a inserção de uma cidade neste raciocínio de origem empresarial não poderia tornar mais tênues os laços da cidadania, esta sim, a qualidade principal de uma cidade.

O artigo do cientista social Fábio Costa Peixoto também discute a questão da identidade urbana. Ao se debruçar sobre dois bairros, um do Rio de Janeiro e outro de Lisboa, o autor investiga o processo de preservação do patrimônio urbano nas duas situações, em especial no que tange à sua confrontação com as realidades contemporâneas. O imaginário urbano resultante deste diálogo entre ‘memória’ e ‘história’, ou seja, entre um espaço que se deseja preservar, mas que deve permanecer vivo dentro da cidade, é que fornece o eixo principal ao texto.

O texto seguinte, de Lygia Costa e Marcelo Ribeiro, trata de outra faceta das cidades: aquela que diz respeito às divisões do mercado de trabalho por gênero. O artigo procura estabelecer a estrutura de posições ocupacionais através da comparação das regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador, focando especialmente no papel que concerne às mulheres. Inicia-se com um levantamento histórico de sua posição no mercado de trabalho e revela, ao seu final, perspectivas promissoras para uma futura equalização das diferenças entre os gêneros.

Na entrevista desta edição, o professor uruguaio Fernando De Torres fala sobre o cooperativismo habitacional, tema que vem se tornando cada vez mais presente nas discussões brasileiras sobre moradia, já que se trata de uma maneira coletiva de pensar a questão do acesso à casa própria. O entrevistado fala sobre as cooperativas uruguaias, traçando um panorama histórico de seu surgimento e ressaltando o seu papel no encaminhamento das questões relacionadas ao déficit habitacional do país.

Para fechar esta segunda edição, apresentamos duas resenhas. Na primeira, a antropóloga Cristiane Lasmar comenta o livro de Agnès van Zanten, “L´École de La Périphérie: Scolarité et Ségregation en Banlieue”, que se detém sobre a fragmentação urbana e as suas conseqüências no processo educacional. A segunda, feita por David Souza, aborda um texto clássico de Michel Foucault, ‘A construção histórica da idéia de verdade a partir do ordenamento jurídico’, que faz parte de seu livro “A verdade e as formas jurídicas”.

Neste segundo número da e-metropolis os nossos leitores poderão perceber que, além das seções que discutirão os mega-eventos, outras novidades farão parte da revista, como a criação da nossa capa: feita especialmente para a revista, que faz parte de um esforço de incorporar as imagens como parte integral da nossa publicação. Acreditando que as imagens possuem um estatuto próprio que vai muito além da sua utilização como meras ilustrações, temos a intenção de abrir espaço a elas, tornando-as elementos constituintes da linguagem da e-metropolis, junto aos textos e artigos. Nesta presente edição, além da capa, feita pela designer Clara Simas, as imagens comparecem também através do ensaio fotográfico do artista plástico Fabiano Cafure, que fotografou a ocupação de espaços públicos em metrópoles européias durante uma viagem de pesquisa em 2009.

Esperamos que esta segunda edição alcance o sucesso da primeira, e aproveitamos para agradecer aqueles que nos confiaram as suas colaborações e aos pareceristas que prontamente atenderam às nossas solicitações, deixando com vocês o resultado desta parceria. Desejamos, assim, uma boa e proveitosa leitura a todos aqueles que estão acompanhando o nosso percurso. Até o próximo número!