nº 9 ano 3 | Junho 2012
Especial

“Desculpe o incômodo, nós só queremos mudar o mundo”: a maior greve estudantil da história do Canadá

Por Renata Brauner Ferreira

O anúncio do governo liberal de Jean Charest (chefe de governo da Província) sobre o aumento da anuidade das universidades veio a provocar a maior mobilização estudantil da história do Quebec. O governo, alegando o subfinanciamento das universidades quebequenses comparado às universidades dos Estados Unidos e mesmo às universidades do restante do Canadá, impõe aos estudantes um aumento de 75% nos custos da educação superior para os próximos cinco anos. No entanto, mais de um quarto destes estudantes já estão bastante endividados. Segundo Statistiques Canada em 2005, 57 % dos universitários tinham pedido um empréstimo para pagar seus estudos universitários e 27% deles estavam endividados em mais de 25.000 dólares canadenses (CAD).

Então, desde o dia 13 de fevereiro de 2012, começou na província do Quebec uma greve massiva dos estudantes universitários e dos estudantes dos CEGEP por tempo indeterminado. No momento que escrevo o artigo, meados de junho, a greve continua. Desde então vimos assistindo, há cerca de quatro meses, milhares de estudantes saírem às ruas todos os dias e as noites também. Há algumas semanas começaram as manifestações noturnas, chamadas “Manifestações Noturnas até a vitória”.

“Desculpe o incômodo, nós só queremos mudar o mundo”: a maior greve estudantil da história do Canadá
Renata Brauner Ferreira
é doutoranda em Planejamento Urbano no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), atualmente faz seu doutorado sanduíche em Estudos Urbanos na Universidade do Quebec em Montreal (UQAM).