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Vida nas megalopolis: Cidade do México e São Paulo
Por Claudio Altenhain
Em seu livro “Life in Megalopolis”, Lúcia Sá, professora de Estudos Brasileiros na Universidade de Manchester, apresenta aquilo que talvez seja o mais sério esforço na realização de um estudo comparativo entre os dois maiores centros urbanos da América Latina. A autora, paulista de nascimento, estudou em Stanford, visitou a cidade do México diversas vezes desde 1995 e defende que, a despeito das aparentes diferenças entre as duas metrópoles, a sua primeira impressão foi de um imenso ‘déjà vu’, com as irremediavelmente congestionadas avenidas, o ruído da movimentada vida urbana e os impressionantes contrastes entre os ricos e os pobres. A introdução sinestésica e subjetiva do livro anuncia os conceitos-chave que serão aplicados nos capítulos que se seguem: ao invés de traçar uma análise positivista da performance econômica das duas cidades, sua estratificação social ou suas peculiaridades institucionais, a sua abordagem se concentra sobre as representações culturais das cidade do México e de São Paulo – que poderíamos definir como um conjunto de significações partilhadas que ‘conferem sentido’ a uma cidade, ou, ao menos, à maioria de seus habitantes. Sá deposita uma ênfase particular sobre a ‘modernidade’ como um projeto ambíguo que, longe de ter sido realizado completamente, deixa amplas lacunas para interpretações.