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A cidade perversa e o esgotamento do prazer
Por Olgária Chain Féres Matos
O objetivo deste ensaio é analisar as transformações no sentido da sociabilidade a partir do momento em que o dinheiro se estabelece como ideal de uma civilização, de tal modo que a modernidade vem a ser a imersão do homem no reino da matéria e as conseqüências do “desaparecimento dos vestígios do pecado original”. Do “vivere civile” florentino à esfera pública iluminista passou-se ao desencantamento psíquico e ao da cultura, resultando uma cultura do excesso e do esgotamento do prazer.
Em suas reflexões sobre a metrópole moderna e a filosofia do dinheiro, Simmel indica as mudanças no sentido da vida em comum dos homens. Se o primeiro espírito do capitalismo valorizou a parcimônia e o segundo, o trabalho e o mérito de cada um, isto se deveu ao fato de que o dinheiro ainda não se estabelecera de forma hegemônica na instituição do social. A nova organização do tempo, a difusão, a partir do século XIX, dos relógios de bolso, a taylorização do trabalho operário e sua proletarização são a forma de acumulação do capital na metrópole cuja estrutura é a economia e a tecnologia, universalizando-se a pregnância do dinheiro como ideal de uma civilização.