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É a luta de classes, estúpido!
Por Frederico de Holanda
A despolitização é um traço comum nos discursos sobre a configuração das cidades. No discurso do senso comum ou no discurso jornalístico, há confusão entre os conceitos de “classe social”, “categoria ocupacional”, “faixa de renda” – uns são tomados pelos outros. Mascaram-se conflitos de classe como conflitos em torno de uma suposta qualidade da cidade. Os embates em Brasília são particularmente agudos. Isto é exemplificado em vários episódios: no combate à apropriação dos espaços públicos pelo comércio informal, na repressão a novos usos de comércio e serviços que surgem na Esplanada dos Ministérios, na remoção de uma feira de artesanato, na crítica a um fascinante lugar como a Vila Planalto, microcosmo da so-ciedade metropolitana. Este texto é um trabalho “em progresso”. Discuto preliminarmente a segregação socioespacial das classes sociais em Brasília, com apoio em dados sobre a locali-zação de faixas de renda, a partir de informações desagregadas por setores censitários. Virão desdobramentos a partir dos dados do Censo de 2010 e mediante tratamento computacional que traduzam categorias sócio-ocupacionais em termos de classes sociais, revelando mais rigorosamente a paisagem humana da Capital.