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Notas sobre a mobilidade urbana em tempos de pandemia
Por Filipe Ungaro Marino
Com o avanço do tempo, tudo parece estar cada vez mais em movimento. O deslocamento de bens e pessoas tornou-se valor essencial da vida urbana do século XXI (SHELLER; URRY, 2006). Manuel Herce (2009, p. 15) endossa essa afirmativa, alegando que “a mobilidade das pessoas adquiriu uma importância maior que tinha em períodos anteriores”. Circulação se tornou um conceito importante para entender o uso do território quanto às práticas econômicas na contemporaneidade.
Há, dessa maneira, uma ‘obrigação da circulação’ (VIRILIO, 1986) que vale para a água, o esgoto, as pessoas, as mercadorias, o dinheiro e as ideias. Assim, circulação torna-se “uma noção poderosa que tem muitos impactos no mundo social” (SHELLER; URRY, 2006, p. 6). Pode-se afirmar que a “verdade urbana está na circulação” (SPIRO KOSTOF apud GRAHAM; MARVIN, 2001, p. 32), sendo que ela, sob a alcunha da mobilidade urbana, parece um direito inalienável dos habitantes das cidades.
Mas como entender a reorganização dessas ideias, quando enfrentamos uma pandemia de proporções globais, na qual se aponta o grande volume de circulação como um dos principais vetores de contágio? Assim, este texto se propõe a pensar alguns desdobramentos do atual contexto sobre a mobilidade.