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(Ocup)ação urbana e seu desdobramento habitacional
Por Erica Andrade Modesto e Fernando Antônio Santos de Souza
Este ensaio fotográfico é parte da pesquisa de um trabalho de conclusão de curso e trata do comportamento habitacional da ocupação urbana Beatriz Nascimento, em Aracaju/SE, no ano de 2018, pertencente ao Movimento dos Trabalhadores sem Teto – MTST. O modo de morar e habitar o espaço dessa ocupação é caracterizado através dos seus desdobramentos pelas ações coletivas baseadas na solidariedade, cooperação e resistência. A (ocup)ação torna-se instrumento de luta pelo direito à cidade.
Os barracos da ocupação são improvisados e, nos seus poucos metros quadrados, abrigam conjuntamente em um cômodo único a função de estar e de dormir, sem separação entre pais e crianças, ou compartimentos em que os objetos pessoais possam ser guardados. Eletrodomésticos como ventilador e micro-ondas ajudam a amenizar as condições diárias enfrentadas nos barracos, enquanto que a televisão distrai as crianças.
Os barracos que são habitados se adequam às dificuldades desse tipo de moradia. Com criatividade, os ocupantes expandem seu reduzido espaço, chegando até a construir barracos com dois pavimentos. A favela compreende a ideia do abrigo e da temporalidade da arquitetura, a qual, no início, consiste sempre em uma peça única e será ampliada de acordo com o tempo e os meios do construtor, que desde o começo deve dispor de grande capacidade de adaptação e de imaginação construtiva, pois não há projeto preliminar para a construção de um barraco (JACQUES, 2003).
A política colaborativa adotada pelo MTST reflete diretamente na organização socioespacial da ocupação: apenas os barracos individuais de cada ocupante são de uso privado; as demais tarefas são realizadas de forma coletiva, por meio do compartilhamento de espaços e atividades. Os espaços coletivos da ocupação “Beatriz Nascimento” são a cozinha, lavanderia, banheiros, brinquedoteca, bazar e o barracão cultural.