nº 41 ano 11 | Junho 2020
Ensaio

Mar [autoconstruído] e montanha:

um olhar sobre as comunas populares de Medellín

Por Ana Cristina da Silva Morais

O Metrocable rasgando o mar de autoconstruções, talvez essa seja a característica mais marcante na paisagem montanhosa da Medellín contemporânea. As diferentes intervenções urbanas nas comunas populares da cidade colombiana – das quais as mais conhecidas são o Metrocable, as escadas rolantes e os Parques Biblioteca – marcam na paisagem a transformação que a cidade vem passando nos últimos quinze anos. Ainda mais, são parte fundamental nesse processo de mudança, afastando Medellín da forte imagem de cidade violenta, berço do tráfico de drogas, da exclusão e da pobreza e alçando-a, internacionalmente, como bom exemplo para a transformação de cenários com alta precariedade urbana.

Este ensaio apresenta uma sequência de fotos das comunas populares de Medellín a partir do olhar de uma brasileira habituada com a paisagem autoconstruída paulistana. Ainda que com suas particularidades, como as grandes intervenções urbanas e as montanhas, as imagens a seguir trazem uma sensação de reconhecimento latino-americano da cidade popular periférica: as cores, as autoconstruções com tijolos baianos ou ladrillos huecos, o avanço sobre as áreas de preservação ambiental e assim por diante. Suscitar essa sensação é o objetivo deste ensaio.

As fotos a seguir foram tiradas nos meses de fevereiro e março de 2017 durante um estágio de pesquisa realizado dentro da Iniciação Científica Avanços e impasses da participação social no projeto La Herrera à luz da política urbana e habitacional recente, Medellín - Colômbia, financiada pela FAPESP e orientada pelas professoras Maria de Lourdes Zuquim, FAUUSP-Brasil, e Liliana Sanchez, UdeA-Colômbia.

Mar [autoconstruído] e montanha:
Ana Cristina da Silva Morais
anacmoraiss@gmail.com
moradora do Capão Redondo na periferia de São Paulo, arquiteta e urbanista pela FAUUSP, foi bolsista de Iniciação Científica FAPESP entre os anos de 2016 e 2018. Desde 2019, trabalha no Centro de Direitos Humanos e Educação Popular de Campo Limpo (CDHEP).