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O imaginário do esverdeamento urbano:
a natureza urbanizada na região alemã do Vale do Ruhr
Por Hillary Angelo e Pedro Paulo Machado Bastos (tradutor)
Este artigo apresenta uma abordagem sociológica do ideário do “esverdeamento” urbano, conceito adotado nesta pesquisa para explicar a normatização de práticas de urbanismo em que são usados elementos significantes e cotidianos da natureza como forma de se combater os problemas urbanos locais. Apesar de essa prática representar uma maneira reativa de se remediar as patologias herdadas do paradigma de urbanização associado à metrópole industrial, por outro lado, tal perspectiva não dá conta de esclarecer a recorrência dessa prática em contextos sociais e históricos que não tenham sido afetados por esse paradigma. A partir de um estudo que analisou a reprodução de práticas de urbanismo como esta no Vale do Ruhr, região urbana policêntrica na Alemanha que vem sendo esverdeada recorrentemente num contexto diferente das cidades afetadas pelo paradigma da metrópole industrial, argumenta-se que essas práticas são implementadas graças a um imaginário social da natureza que se projeta como um bem moral, chamado nesta pesquisa de natureza urbanizada, que é tanto um produto como uma variável da urbanização. A pesquisa recorre à literatura do histórico da urbanização na região e à sociologia da moralidade para explicar o surgimento da natureza urbanizada no Ruhr no início do século XX, e o modo como essa prática foi apropriada por duas visões concorrentes do urbanismo no pós-guerra. Em vez de uma reação ideológica contra a urbe, a pesquisadora defende que tais práticas de esverdeamento urbano podem ser mobilizadas por diversos agentes sociais em diferentes localizações no tempo e no espaço. Ao mostrar como um novo imaginário social criou novas formas de ação moral possível e como esses ideais foram então materializados no espaço urbano, o artigo chama atenção para o papel dos imaginários culturais nas transformações urbanas e para as consequências materiais das crenças morais.
Palavras-chave: Cidade verde; Moralidade; Imaginários sociais; Esverdeamento urbano; Natureza urbana.