nº 38 ano 10 | Setembro 2019
Resenha

A beleza ordinária da vida

Por Ana Paula Alves Ribeiro

Filmes de Plástico é a produtora que os amigos André Novais Oliveira, Gabriel Martins, Maurilio Martins e Thiago Macêdo mantêm desde abril de 2009, em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte. Nos seus dez anos de existência, a Filmes de Plástico priorizou de forma explícita a vivência, a expressividade e a paisagem de Contagem, muitas vezes dando destaque a seus moradores.

A obra individual e coletiva da Filmes de Plástico propõe, a cada filme, a desconstrução de estereótipos sobre cidades e bairros tratados como periféricos e uma descolonização do olhar sobre pessoas negras. Estamos falando de uma produtora em que personagens negras são criadas, e suas vidas cotidianas são tratadas na tela com respeito e apreço. Também é na produtora que percebemos o desenvolvimento de dois expoentes do cinema negro contemporâneo, premiados em festivais de cinema nacionais e internacionais, Gabriel Martins e André Novais Oliveira.

Na resenha intitulada “A beleza ordinária da vida”, proponho uma reflexão sobre Temporada, de 2018, o mais recente filme roteirizado e dirigido por André Novais Oliveira. Em seus anos de carreira, o diretor nos brindou com filmes premiados, como os curtas Pouco Mais de um Mês (2013) e Quintal (2015) e o longa Ela Volta na Quinta (2014), nos quais, entre tantas questões, propõe a centralidade da paisagem urbana e pouco conhecida de Contagem e retrata uma periferia em seu cotidiano, com respeito e sem papéis subalternos ou estereotipados.

A beleza ordinária da vida
Ana Paula Alves Ribeiro
anapalvesribeiro@gmail.com
é doutora em Saúde Coletiva (IMS/UERJ). Professora adjunta do Departamento de Formação de Professores e do Programa de Pós-Graduação em Educação, Cultura e Comunicação em Periferias Urbanas (PPGECC) da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense / Universidade do Estado do Rio de Janeiro.