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Cidade (in)sustestável
Por Gabriela Luiza Viana Mendes, Thais de Almeida Gonçalves e Thiago de Andrade Morandi
Cidade (In)sustentável surgiu a partir de uma proposta de análise crítica das dimensões da sustentabilidade. Resultado de um trabalho apresentado à disciplina Desenvolvimento Sustentável, do Programa Interdepartamental de Pós-Graduação Interdisciplinar em Artes, Urbanidades e Sustentabilidade (PIPAUS) da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), este ensaio pretende retratar, a partir de intervenções na paisagem urbana de São João del-Rei (MG), as realidades presentes no cotidiano do município. Integraram também o grupo outros diversos mestrandos (Glaucia Mara, Diego Augusto e Dalila Nascimento), os quais por trás dessas fotografias também têm a sua concepção conceitual atribuída.
A cidade de São João del-Rei, localizada na região do Campo das Vertentes, em Minas Gerais, é um exemplo dessa dinâmica de consolidação de habitações em áreas de vulnerabilidade. O processo de expansão da cidade foi marcado pela ocupação de margens de rios, córregos, planícies de inundação, áreas de mata ciliar, entre outras. Dentre os desafios à sustentabilidade e à qualidade de vida, neste ensaio destacamos a questão do avanço do tecido urbano sobre áreas de vulnerabilidade, predispondo parte de sua população à ocorrência de desastres ambientais e comprometendo recursos que são fundamentais a todos os moradores.
Nas últimas décadas os problemas socioambientais têm se agravado ainda mais devido ao aumento populacional. Parte da população, principalmente aquela de baixa renda, continua a ocupar áreas com intenso processo erosivo, próximos às margens de córregos e até mesmo lixões.
Neste ensaio, olhamos para a cidade a partir de uma leitura crítica de suas ambiências urbanas. Buscamos relacionar o direito e a segurança ambiental e habitacional com as condições de saneamento básico e os espaços ambientalmente frágeis – esgotos a céu aberto, voçorocas e lixões. O ensaio traz, de maneira lúdica, os contrastes urbanos são-joanenses e o uso e apropriação desses espaços. Resgata as realidades passadas, a partir de uma crítica à situação presente, com um olhar promissor em relação a um futuro sustentável. A proposta é estimular reflexões sobre o lugar do ser humano no espaço urbano e de que forma a cidade nos representa e nos abriga.
Ao olhar para o passado são-joanense, tendo o presente como prelúdio de uma paisagem que se degrada, embora aparentemente inerte aos olhos de quem passe, o que esperar das próximas décadas do cenário urbano do município? A essa pergunta esse ensaio propõe uma visão crítica e uma reflexão, vislumbrando as artes como resposta à insustentabilidade. Buscamos assim estimular um novo olhar para a cidade, principalmente sobre o “meio ambiente” urbano.
Em conceitos acadêmicos para concepção deste ensaio, encontram-se estudos de fotografia (KOSSOY, 2009), atmosferas urbanas (SILVA, 2014), acupuntura urbana (LERNER, 2015) e estética relacional (BOURRIAUD, 2009).