-
Tweets
O som do silêncio em cárceres dos regimes totalitários:
o caso uruguaio
Por Vivian Heringer Pizzinga e Andréa Rodrigues
O filme Uma noite de doze anos, com roteiro e direção de Alvaro Brechner, trata da prisão, durante a ditadura uruguaia, de três personagens históricos: José Alberto Mujica Cordano, o Pepe Mujica, que, como sabemos, tornou-se, posteriormente aos fatos narrados no filme, presidente do Uruguai, e os escritores e jornalistas Eleuterio Fernández Huidobro (El Nato) e Mauricio Rosencof (o Russo) – autores de Memorias del calabozo (Banda Oriental, 2005), livro no qual o filme se baseia.
A noite que dura doze anos é o período em que Mujica, El Nato e o Russo ficam presos, em celas separadas, em lugares desconhecidos, provisórios, sendo transferidos para diferentes calabouços de modo a que ninguém (e menos ainda eles próprios) soubesse, a princípio, onde estavam. Trata-se, pela temática abordada, de um filme urgente, obrigatório, ainda que nos faça sofrer e ter calafrios à noite, e vem sob medida no atual contexto de democracia de “baixíssima densidade” que espantosamente estamos vivendo no Brasil. A América Latina (ou parte dela) parece atualizar regimes totalitários de governo, salpicados de excepcionalidades crescentes, à guisa do que parece ser uma guerra imperialista decadente na conjuntura internacional em que os Estados Unidos vêm perdendo espaço e mercado para a China e não pretendem deixar barata essa flagrante e processual derrota.