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Lugares do ir
Por Pedro Thame Guimarães
O ensaio explora a influência que o modo como nos deslocamos exerce sobre a percepção da paisagem da cidade e na criação de possíveis lugares com base nessas variabilidades.
Escolheu-se o percurso que liga o campus da UFMT, a porção sul da cidade de Cuiabá – que começou a ser estruturada a partir do final dos anos de 1970, baseada em fundamentos urbanísticos modernistas –, ao Centro Antigo – núcleo urbano original com características coloniais. Um percurso com 3,5 quilômetros, percorrido de três maneiras diferentes: de carro, de ônibus e a pé. As experiências foram realizadas em dias diferentes da semana, no mesmo intervalo de horário, possuindo durações diversas.
Em primeiro momento, a variação dos meios de transporte pode ser entendida como um gradiente de velocidade e da duração do trajeto, ou seja, a variação do tempo que possuímos para apreender e vivenciar a paisagem. A quantidade de tempo que dispomos está diretamente relacionada à qualidade da nossa apreensão da paisagem: a redução ou aumento desse tempo altera a capacidade de identificação dos diferentes arranjos, dos diferentes setores, possuidores de maior ou menor legibilidade. Essa característica aplica-se aos elementos de maneira isolada e igualmente à sua síntese, o conjunto da paisagem. No entanto, não é somente a velocidade que impacta substancialmente no processo de apreensão; surgem outros fatores de igual importância: as restrições parciais aos sentidos próprias de cada modal (como obstáculo à visão, ruído excessivo), os diferentes contatos interpessoais e, sobretudo, o lugar de cada modo de ir.