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Para escutar a cidade
Por Giovana Zimermann
O processo criativo de uma obra de arte tem tanta importância quanto a obra em si, embora o que fique visível seja o produto final. A escritura desse texto é uma oportunidade para compartilhar minhas motivações para o projeto da obra de arte pública intitulada “Para escutar a cidade”, instalada no edifício CEU, localizado no balneário do Estreito, bairro continental da cidade de Florianópolis (SC).
A inserção de obras de arte no espaço público é uma tática para humanizar a cidade; contudo, nem sempre foi assim, visto que essa inserção teve inúmeras funções ao longo da história. A Escola de Amsterdã, a Bauhaus, e a escola russa foram de extrema relevância para estimular as intervenções artísticas urbanas. Em 1917, o Construtivismo Russo, com o lema “Arte na Rua”, impulsionou a unificação das artes na cidade: teatro, música, dança, escultura, pintura e arquitetura (ZIMERMANN, 2009). Na França, em 1936, foi instalado o primeiro projeto financiado pela Lei 1% artistique, a qual designava que, para cada construção de escola ou universidade financiada pelo Estado, 1% era destinado à realização de uma obra de arte integrada no projeto arquitetônico. Em 1978, foi a vez de Chicago, nos Estados Unidos da América, que aprovou um decreto estipulando que uma porcentagem dos custos de construção de edifícios públicos fosse dedicada a comissionar ou adquirir obras de arte pública. Nos anos 1980, houve um novo e forte impulso das políticas públicas culturais na direção da arte no espaço urbano, especialmente em cidades europeias e nos Estados Unidos. No Brasil, o município de Recife saiu na frente com a Lei nº 14.348/1981, que serviu como modelo para a Lei municipal de Florianópolis nº 3255/89, onde atuo desde 1999.