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Cidades faveladas:
repensando o urbanismo subalterno
Por Ananya Roy
Este artigo é uma intervenção nas epistemologias e metodologias dos estudos urbanos. Ele procura compreender e transformar as formas em que as cidades do Sul global são estudadas e representadas na pesquisa urbana e, até certo ponto, também no discurso popular. Desse modo, o artigo se ocupa principalmente com uma formação de ideias – “urbanismo subalterno” – que se encarrega da teoria da megacidade e de seus espaços e classes subalternas. Desses, a onipresente “favela” é a mais proeminente. Escrevendo contra narrativas apocalípticas e distópicas da favela, o urbanismo subalterno fornece relatos da mesma como um terreno de habitação, subsistência, auto-organização e política. Esse é um desafio vital e mesmo radical para as narrativas dominantes da megacidade. No entanto, este artigo está preocupado com os limites e as alternativas ao urbanismo subalterno. O texto destaca portanto as estratégias analíticas emergentes, utilizando categorias teóricas que transcendem as conhecidas metonímias do subdesenvolvimento, tais quais a megacidade, a favela, a política de massa e o habitus dos despossuídos. Diversamente, quatro categorias são discutidas: periferias, informalidade urbana, zonas de exceção e espaços cinzentos. Informadas pelo urbanismo do Sul global, essas categorias rompem com entendimentos ontológicos e topológicos de sujeitos e espaços subalternos.
Palavras-chave: Favela; Urbanismo subalterno; Sul Global; Megacidade.