nº 24 ano 7 | Março 2016
Ensaio

Amor chantado:

uma poética nas paredes de Lisboa

Por Frederico Augusto Luna Tavares

O caminhar despretensioso, os caminhos escolhidos aleatoriamente experienciando o lugar, conforme nos diz Michel de Certeau (1990), pode revelar diversas nuances que nem sempre são perceptíveis aos olhos de passantes desavisados ou motoristas de uma urbe em movimento. Entre elas, peculiaridades criativas, misto de arte/ sentimento/ desejos anônimos, explícitos em grafites de muros, paredes, ruínas, depósitos de dejetos. Este ensaio fotográfico remete a um período do meu doutoramento sanduíche em Lisboa, Portugal. Nele, me deixei levar pela curiosidade, pelo tempo, pelo meu olhar, pela informação visual que surgia a cada passeio, a cada esquina, a cada rua. Uma relação simbiótica entre mim (o meu olho), a câmera e o patrimônio construído, que, passaram a ter uma nova função: servirem de telas. Acerca desta metodologia aqui utilizada, nos diz Naylor Villas Boas (2014): “(...) câmeras digitais e a internet possibilitam a difusão de novos olhares e, nesse contexto, a ‘Street Photography’ se consolida como um subgênero capaz de abrigar a exploração visual das cidades e nos revelar novos aspectos de suas identidades”. Assim, selecionados diversos registros com a temática escolhida para este momento — que intitulo de A Poética do Amor —, nos quais apresento imagens feitas em alguns sítios da capital portuguesa, como o Bairro Alto, Mercês, Santa Catarina, Santos-O-Velho, Príncipe Real, Amoreiras, Bairro das Estacas. Apresento o reflexo de um retrato dialógico entre a cidade, o ser, o desejo explícito.

Amor chantado:
Frederico Augusto Luna Tavares
augustoluna@hotmail.com
é jornalista, mestre em História e doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).