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Uma nova e instigante abordagem da urbanização planetária
Por Ricardo Carlos Gaspar
Em um trabalho de fôlego publicado em 2014, o professor norte-americano de teoria urbana Neil Brenner organizou uma série de contribuições teóricas para estruturar linhas investigativas de um amplo estudo sobre o processo de urbanização planetária. Para Brenner e a equipe de pesquisadores agrupados, sob sua direção, no Urban Theory Lab, da Graduate School of Design, Harvard University, a cidade não deve ser mais o centro da pesquisa urbana, pois ela vem sendo crescente e definitivamente superada por novas formas socioespaciais, as quais, no limite, abrangem a totalidade do mundo. Dividido em oito seções principais, que, por sua vez compreendem uma série de artigos, entre excertos clássicos, textos recentes e contribuições originais, o espectro de assuntos abordados parte dos fundamentos da teoria urbana, passando pela abordagem da completa urbanização do planeta, seus aspectos históricos e geográficos, ideológicos, seu “mapeamento cognitivo” (estudos sobre a cartografia adequada para visualizar os novos fenômenos), até chegar às suas implicações políticas, em termos de estratégias de luta e atores envolvidos. Portanto, esse percurso não apenas busca oferecer subsídios eminentemente teóricos ao estudo da urbanização contemporânea, como também a afirmar a dimensão política desse projeto, na direção de “um novo modelo de urbanização orientado [parafraseando o sociólogo frances Henri Lefebvre (1901-1991)] para uma reapropriação coletiva e democraticamente autogerida do espaço planetário como fruto do trabalho da espécie humana” (p. 28).