nº 12 ano 4 | Março 2013
Resenha

Crime, Media, Culture

Por Christopher Gaffney

Em uma era de superaceleração da integração econômica, o impacto e custo dos megaeventos esportivos têm crescido em concomitância com o capital político e simbólico. Os altos gastos públicos nesses eventos de curta duração estão acontecendo diante dos crescentes conflitos resultantes de décadas de implementação de regimes neoliberais. Os protestos em Atenas e Londres podem não estar relacionados aos Jogos Olímpicos de 2004 e 2012, mas eles também não podem ser separados das políticas macroeconômicas que promovem riscos públicos e lucros privados, ou as táticas microespaciais de governança neoliberal que fragmenta cidades enquanto as separa, isolando e vigiando “ameaças”.

A periodicidade dos megaeventos os fazem particularmente veículos aptos para estudar a implementação localizada de tendências maiores, padrões, táticas e práticas. Esses eventos são sempre conjunturas críticas do local e do global, o público e o privado. Essas conjunturas aceleram as trajetórias existentes, transformando cidades em laboratórios e populações em anfitriões (p.41). Até relativamente pouco tempo, os impactos dos megaeventos esportivos eram mais sentidos nas esferas culturais e sociais do que nas governamentais e espaciais. Por exemplo, as Copas do Mundo da França 1998, Estados Unidos 1994 e Itália 1990 tiveram relativamente menos impactos (com exceção do Paris Stade de France) sobre as cidades as quais tiveram jogos. Toda Copa do Mundo subsequente tem, como esse volume demonstra, mudado profundamente as dinâmicas espaciais e sociais das cidades-sede. As Olimpíadas seguiram um caminho parecido, com cada Jogo subsequente crescendo em escala, escopo e impacto. O lema olímpico “mais forte, mais alto, mais rápido” toma forma nas paisagens Olímpicas. Esse excelente volume esclarece que alguns dos mais profundos e duradouros impactos são nos domínios da segurança, fiscalização e controle.

Crime, Media, Culture
Christopher Gaffney
é professor-convidado da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisador do INCT Observatório das Metrópoles.